Entretanto, embora seja preciso definir, com clareza, os objetivos desta inserção, é importante evitar um controle rígido dos caminhos e lugares a serem percorridos correndo o risco de perder o sentido vivo e natural da comunidade. Uma outra forma de participação é a democrática, que compreende os indivíduos como responsáveis por seus direitos e deveres, com foco na autonomia e num projeto de sociedade se ultrapasse a dimensão política e considere as esferas pessoal e social (Delors, 2010). Assim, podemos constatar que a participação requer um ambiente democrático e deve contribuir com o fortalecimento da identidade pessoal, coletiva e, ou comunitária, na direção da construção de processos de autonomia. Freire (2002) compreende a autonomia, no contexto da Pedagogia da Libertação, como algo que deve ser conquistado e construído a partir da vivência de cada um e das decisões baseadas na liberdade do sujeito. A ideia de uma Saúde Comunitária aparece de maneira imprecisa e polissêmica nos discursos e práticas de saúde, tanto no Brasil como em outros países da América Latina, tornando-se necessária uma clarificação desse conceito.
Psicologia Comunitária Aplicada a Saúde[editar editar código-fonte]
Uma série de convenções, acordos e protocolos foram firmados durante a Conferência, tais como a Carta da Terra, declaração de princípios sobre florestas, a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Agenda 21, assim como as convenções da Biodiversidade, da Desertificação e de Mudanças Climáticas. No entanto, importa deixar claro que o desenvolvimento não se confunde com crescimento econômico, que constitui apenas a sua condição necessária, porém não suficiente. O desenvolvimento qualifica, englobando, portanto, não só as questões econômicas, mas questões ambientais, sociais, culturais e políticas.O crescimento econômico por si só não traz desenvolvimento, visto que, muitas das vezes, este não muda a realidade local e continua a acentuar os níveis de desigualdade social. O debate em torno do desenvolvimento começa a ser construído em decorrência da insatisfação com os limites da abordagem predominante. Essa insatisfação é um reflexo da conscientização da progressiva deterioração das condições de vida da maior parte da população e da crescente pressão da degradação ambiental.
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À medida que o profissional passa a estar na residência do morador, pode-se criar nesse espaço, uma relação de fortalecimento da intimidade e do vínculo entre profissional e morador, contribuindo com a promoção da saúde, através de diálogos problematizadores e, por conseguinte, de relações mais libertadoras. A visita domiciliar é uma técnica que vem se disseminando em diferentes áreas, como nas atuações nas políticas públicas, nas atividades acadêmicas e nas organizações não- governamentais, junto às comunidades. É uma prática profissional investigativa ou de atendimento e que se desenvolve contemplando outras técnicas como a observação, a entrevista e o relato oral (Amaro, 2003). A partir do conhecer in loco a realidade da comunidade, os sujeitos envolvidos na caminhada devem se voltar para observar e interagir com os moradores, vislumbrar os pontos de convivência reais e potenciais dos grupos, identificar as contradições estruturais, relacionais e simbólicas no lugar e as atividades comunitárias desenvolvidas pelos próprios moradores.
artigo
É por isso que a psicologia comunitária está intimamente relacionada aos conceitos de poder, autogestão e empoderamento, e faz parte de uma corrente de transformação crítica que assume que a sociedade é uma construção coletiva das pessoas que a compõem, por sua vez, influenciada por essa construção. Por meio de estratégias participativas e colaborativas, a Psicologia Comunitária atua na promoção da saúde mental, na prevenção de conflitos e violências, na promoção da inclusão social e na defesa dos direitos humanos. Dessa forma, a abordagem contribui para a transformação das sociedades, promovendo a construção de comunidades mais justas, solidárias e democráticas. Em resumo, a Psicologia Comunitária desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar e no fortalecimento dos laços sociais dentro das comunidades.
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"Comunidades são redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio, informação, um senso de integração e identidade social" (Castells, 2003, p.106). Sabemos que a gênese teórica e social é inseparável na produção de conhecimento e, no presente trabalho, levamos isto em consideração. XIX para o século XX, o filósofo alemão Ferdinand Tönnies (1955) aponta a existência de uma essência comunitária universal e considera o conceito de comunidade em oposição à sociedade. A investigação desta concepção na atualidade é inseparável das tensões do contexto do capitalismo globalizado, indicando uma polissemia em torno do seu significado.
É com base nessa perspectiva histórica que a comunidade é situada "antes" e a sociedade "depois", ainda que, como vamos ver, não se trate de substituição de uma pela outra, mas de um novo modo de coexistência. Precisamos buscar modos alternativos de vida, baseados em atitudes conscientes e não só ficar discutindo soluções para problemas derivados de nossas atitudes. Precisamos de novos paradigmas que valorizem a vida, a cultura, a natureza, as ideias e nossa enorme capacidade de criar, de inovar. Tal perspectiva visa a um desenvolvimento sustentável e para isso busca discutir a dinâmica das relações existentes entre o homem com seu semelhante e, ainda, com o seu meio ambiente, dinâmica esta que reflete no complexo cultural de determinada região. No Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, a crise da Psicologia Social levou os pesquisadores a questionar o seu papel e seu objeto de estudo.
Para que essas visões aconteçam é fundamental a participação dos moradores das comunidades e a busca por processos de libertação. Dessa maneira, esse artigo tem como objetivo discutir as relações entre Saúde Comunitária e Psicologia Comunitária na perspectiva dos processos de participação e de libertação que contribuem na construção de metodologias participativas. Portanto, compreender a Saúde Comunitária como um paradigma ou como um modelo significa considerá-la como política, cultural e participativa (Juarez, 2015). O objetivo é discutir as relações entre Saúde Comunitária e Psicologia Comunitária na perspectiva dos processos de participação e de libertação que contribuem na construção de metodologias participativas. Essas áreas compartilham valores e práticas que possuem como princípios a libertação e a participação, que contribuem na construção de espaços que rompam com os processos de opressão. As metodologias participativas presentes na caminhada comunitária, na visita domiciliar e no círculo de cultura propiciam uma prática condizente com esses princípios. O envolvimento dos profissionais de saúde e dos moradores das comunidades favorece processos de saúde e de autonomia.
Somente a partir da perspectiva das maiorias oprimidas é possível vislumbrar a potencialidade libertadora das técnicas psicológicas.Dos pressupostos teóricos e metodológicos imbuídos nestas práticas sugerir-se-á um retorno a questões psicológicas, enriquecidas com os referenciais das ciências sociais, numa tentativa de melhor precisar o "olhar" do psicólogo.Em meio a essa conjuntura, havia uma crescente discussão em torno das ações assistenciais, até então marcadas por práticas assistencialistas e filantrópicas.Os psicólogos que trabalham neste ramo analisam os aspectos culturais, econômicos, sociais, políticos e ambientais que cercam e influenciam a vida das pessoas ao redor do mundo.
Esse período foi marcado, na maioria dos países latinoamericanos, por pobreza, concentração econômica urbana e agrária, além de dura repressão política. Nesse contexto, pensadores lideraram um movimento de crítica à Psicologia Social clássica, propondo a adoção do compromisso social e da transformação social como norte dos estudos e pesquisas dessa ciência. Na América Latina, a libertação, diferentemente do conceito de liberdade, Psicologos Volta Redonda-se para os processos de superação e enfrentamento de forma coletiva das situações de opressão vivenciadas pela grande maioria desses países. Ximenes e Góis (2010, p.59) ressaltam que, nesta região o religioso, o pedagógico, o filosófico e o psicológico se fundem e nascem de novo na realidade social de seu povo oprimido, que busca a libertação mediante uma práxis libertadora, ato este que é de conquista, de superação, de conscientização.
Castells (2013) discute os movimentos sociais em rede, a sua formação, dinâmica, valores e perspectivas de transformações sociais. Para esse autor, na sociedade em rede o poder é multidimensional e se organiza em torno de redes programadas em cada domínio da atividade humana. As redes de poder influenciam a mente humana, mediante redes de multimídia de comunicação de massa, sendo formas decisivas de construção de poder. A constituição do comum é uma ideia que tem sido utilizada para pensar o desejo, o processo de formação de comunidades e de redes associativas de produção comum. A constituição do comum pode romper divisões como centro-periferia, comunidade e sociedade, psicologia na comunidade e psicologia da comunidade e criar novos modos de existência e de estarmos juntos numa sociedade marcada por um intenso processo de individualização.
A posição tecnicista, porém, ainda Qual é o valor de uma consulta com psicólogo? predominante em diversos contextos, mostrando que continuam existindo práticas padronizadas que colocam o profissional numa posição dominante na relação com o outro (Freitas, 1996; Garcia, Morgado Vasconcelos, 2011, Góis, 2005). A partir do tópico anterior, podemos considerar que as teorias são construções sócio-históricas que expressam visões de homem e de mundo que lhes são próprias. Sawaia (1999) nos mostra que o conceito de comunidade é um conceito ausente na história das ideias psicológicas e apenas nos anos 70 surgiu como referencial de análise na psicologia social comunitária. Desta forma, desde a década de 70, a psicologia social comunitária busca desenvolver uma concepção de comunidade que sobrepuje estas posições sociológicas clássicas dicotômicas e naturalizantes. Assumimos, assim, o compromisso de desnaturalizarmos práticas normatizadoras e que apresentam um cotidiano acrítico e a-histórico. O interesse de escrever este artigo surge por desejarmos instigar uma discussão neste campo do conhecimento e na literatura existente, provocando a troca de ideias nas nossas práticas profissionais.
Importante considerar as condições teóricas e metodológicas que sustentam as práticas realizadas, assim como as formas de relações estabelecidas com as políticas públicas e que podem contribuir para o fortalecimento desses trabalhos (Freitas, 2014). Ao adentrar no percurso histórico das práticas comunitárias na realidade brasileira, constatamos a mudança do paradigma assistencialista para o paradigma de direitos, construída desde a década de 70. Há que se destacar, neste período, uma significativa participação política dos psicólogos nos movimentos populares e nas atividades e práticas deselitizantes contrárias ao regime militar, até alcançarmos a Constituição de 1988 (Freitas, 1999; Nascimento, 2001). Isso significa que a pesquisa em psicologia social comunitária é participativa , e o desenvolvimento e implementação de projetos de intervenção levam em consideração muitos fatores (psicossociais) que vão além da psicologia ou da personalidade dos indivíduos. A Psicologia Comunitária é uma área da Psicologia que tem como objetivo principal promover o bem-estar e a qualidade de vida das comunidades, buscando transformações sociais e a promoção da saúde mental.